Tear de Almalaguês e Bordados da nossa terra
Exposição
2019-Aug-04 16:30
2024-Nov-26 04:30
Casa Museu Oliveira Guimarães
Margarida tem 50 anos e é artesã. Nasceu em Almalaguês e esteve ligada até 2015 à indústria avícola pela ligação familiar da mesma.
Após esta data e depois de alguma formação em tear manual de Almalaguês com tecedeiras da freguesia resolveu criar novas peças, texturas e introduzir novos materiais utilizando o mesmo tear. Tendo por base uma atividade ancestral, pretende dar uma nova imagem aos trabalhos produzidos nestes teares e nesta região. Apresenta aqui alguns dos seus trabalhos mais inovadores.
Judite Coimbra Catarino Henriques e Maria Alice Coimbra Henriques Mendes são irmãs e bordadeiras de renome no Espinhal.
Nasceram no Trilho e viveram em África mas foi nesta freguesia que se estabeleceram e desenvolveram a sua profissão e paixão, os bordados.
Os seus trabalhos são complexos e perfeitos e representam uma arte e uma tradição em riscos de desaparecer.
Bordar exige tempo, paciência e perfeição, ingredientes quase incompatíveis com a vida de hoje., pelo que é rara a oportunidade que temos de apreciar algumas das suas obras.
“Tecelagem de Almalaguês” cujo nome advém da localidade com o mesmo nome localizada no concelho de Coimbra.
Não sabemos ao certo a partir de quando terá surgido a tecelagem em Almalaguês. Sabemos sim que a matéria-prima necessária – o linho – era fornecida pelos campos em volta, o que terá permitido o seu desenvolvimento enquanto atividade económica.
O dom de “tecer” foi, durante séculos, transmitido por gerações de mulheres. Assim como as amostras, os desenhos em quadrículas, as “dobadoiras”, os “caneleiros” e as estruturas dos teares em si. Há até todo um vocabulário próprio em torno da tecelagem que só as tecedeiras dominam.
Tecer tem também uma componente social – as mulheres ajudam-se no momento de colocar o “órgão”, tecem em conjunto, partilham as suas obras e inspiram-se. É um trabalho exigente e complexo, na compreensão e reprodução de desenhos, pontos e padrões mais ou menos geométricos, na minúcia e precisão das laçadas, na preparação física que a postura e o jogo de pedais requerem. Mas é também um trabalho criativo, em que cada tecedeira exprime a sua linguagem.
Seremos audaciosos ao dividir a tecelagem de Almalaguês em “popular” e “fina”. Uma tradicionalmente mais humilde, que utiliza fio de algodão ou fibras sintéticas, com colorido exuberante (sobretudo os tons ocres), e desenhos de símbolos populares portugueses (emblemas dos clubes de futebol, galo de Barcelos) ou motivos florais. Outra mais elegante e cuidada (na foto), em que predominam os brancos e madrepérolas, pontos pequenos em linho ou lã, com desenhos sóbrios e minimalistas.
Seja de que tipo for comprar uma peça de tecelagem com o selo de Almalaguês, é como comprar uma obra de arte. É adquirir um produto nobre e valioso, que tende a ser cada vez mais raro. É valorizar também a sabedoria e fibra das mulheres que dali retiraram sustento, poder e auto-estima, e que transformaram a aldeia no maior centro nacional de tecelagem.
Trata-se de uma tecelagem bordada em puxados e executada originalmente em linho, o qual deu, nos dias de hoje, lugar ao algodão. São reproduzidos os mais diversos motivos naturais ou geométricos estilizados.
O tipo de tear utilizado é semelhante aos teares persas, consubstanciando a ideia de a tecelagem ter sido introduzida no país pela presença árabe.
Trata-se de um tear horizontal, com dois pares de liços e pedais, em que o pano tecido vai enrolando no órgão mais próximo do tecelão.
O trabalho de tear é complementado ainda com instrumentos como a dobadoira, o caneleiro, o restelo, a urdideira, a burra e a espadilha, que não fazendo parte do tear, intervêm de modo significativo na execução das tarefas preliminares da tecelagem.